As aulas começaram e com elas a necessidade de ocupar as crianças e adolescentes no contraturno escolar. Sabemos que é comum que os smartphones e tablets façam bastante sucesso nas mãos dos mais jovens e os deixem profundamente envolvidos em um conteúdo digital que atrai e entretém. Contudo, sabemos que o uso excessivo da tecnologia e a exposição precoce a este universo pode ter consequências negativas, como prejuízos ao desenvolvimento cognitivo e atrasos no aprendizado, então sobre isso, alguns aspectos devem ser analisados na hora de planejar o que será feito no horário fora da escola:
O primeiro caso é para aquele estudante que fica sozinho em casa, para esse caso é interessante que esse tempo seja reduzido o máximo possível, agendando atividades em todos os dias da semana, mas atenção, cuidado para não lotar de mais a agenda do seu filho, isso pode esgotá-lo e fazer com que na quinta-feira ele já tenha pouca energia para se concentrar e realizar de maneira saudável tudo que foi programado para ele. A dica aqui é planejar no contraturno tarefas e cursos que levem mais ou menos três horas, para que ele fique ocupado, mas tenha um tempo de descanso e deslocamento que não afetem a saúde mental e física do jovem.
Para as crianças e adolescentes que têm em casa a companhia de irmãos ou adultos é interessante planejar algumas tarefas domésticas adequadas para a idade e que não representem risco a sua segurança, mas que podem ajudar no senso de comunidade e autorresponsabilidade. Nesse caso, atividades duas vezes na semana já podem ser suficientes.
Em ambos os casos o descanso deve fazer parte da rotina. Cochilos e meditação ajudam no autoconhecimento e relaxamento, ter espaço para imaginação, leitura, música e jogos também são importantes. O reforço escolar é uma questão interessante, mas o aluno precisa sentir que existe uma “vida” além dos assuntos escolares, então não é indicado que essa seja a única questão observada e que tudo gire em torno dos resultados acadêmicos. Os adultos devem ajudar o estudante a criar uma “rotina estruturada” que deve ter apelo visual e estar sempre à disposição do aluno, em formato de mural, kambam ou em uma folha de papel mesmo, mas que seja possível identificar os dias da semana, as disciplinas que terá na escola e as atividades fixas no contraturno com um espaço para anexar as obrigações esporádicas, como provas e testes que são marcados com antecedência e requerem uma dedicação extra. Nessa rotina deixe também um espaço para que seja adicionado os horários e um tempo livre para descanso.
Uma questão importante sobre esses sistemas de rotina estruturada é que eles deixam de funcionar em duas ou três semana, daí é importante refazer a estratégia – pelo menos uma vez por mês – e fazer pequenas alterações para que o adolescente não se sinta “fadigado” pela rotina, mas que pequenos ajustes o ajudem a manter a disciplina de forma leve.
Passar o dia todo no mesmo lugar também pode ser cansativo, principalmente para os adolescentes que geralmente gostam de um pouco mais de diversidade com suas tarefas. Além disso é uma fase onde ele pode começar a aprender a andar sozinho na rua (dependendo da maturidade e da realidade do seu bairro), ter atenção ao pegar um ônibus ou caminhar até em casa e etc...
Cuidado com os “desistidores profissionais”, as vezes na tentativa de tornar mais leve a rotina da criança os pais permitem que eles desistam das coisas em um curto período de tempo, esse é um padrão que precisa ser observado, pois estamos formando a personalidade de nossos pequenos e não queremos educar para o fracasso, mas para resiliência, adaptação e um pouco de persistência, pois essas serão habilidades importantes na vida acadêmica e futuramente como adultos.
As atividades contraturnos devem ter foco na qualidade de vida e segurança e ser planejadas de modo que o jovem tenha um acompanhamento próximo. Se não for possível ser feita com um profissional, os pais e responsáveis vão precisar ter uma atenção maior para que o dia seja bem aproveitado e esse tempo seja utilizado para contribuir com a formação do seu filho, mantendo-o longe de perigos e possíveis golpes.
Josiane Scharneski
